Um testo e um pesadelo no mesmo dia

O que eu queria mesmo. O que eu queria mesmo era deixar a bomba de gasolina e ir, sei lá, fazer espantalhos. O gajo do snack-bar disse-me que a filha encontrou na net tipos que andam à procura de jovens robustos para colher morangos, mas isso é chato. Não gosto de morangos.
A Adelina do segundo andar continua a bater à minha porta todos os dias. Não percebo. Tem o cú em ferida, uma espécie de hemorróide gigante e pede-me conselhos a nível da higiene íntima. Por favor. Devo ter cara de médico ou isso. Às vezes também olho para as pessoas e mando o meu bitaite. É fabuloso. Outro dia entra-me um gajo na bomba, eram quê? Já passava das onze. Entra-me na bomba e vinha todo pipi. Fatinho da moda, o cabelinho à maneira, cheio de style, o azeiteiro do caralho. Quase que passava por artista da bola. Quase. Mas faltava-lhe qualquer coisa em ouro, talvez. Ele chega-se ao balcão e diz: Bomba 10 por favor. O tipo tinha a mania. Lá atira um pacote de chicletes e sai-se com esta merda: As gorila é que eram boas. Aquilo deixou-me pensativo. Disse: As gorila. Porque de repente o gajo tinha mexido naquela cena da memória e tal. Pá, e sem mais nem menos, o tipo espeta-me um testo, mas um testo. Até deitei um bocado de sangue do nariz e tudo. Foi aí que eu disse: Hoje as coisas corram mal lá na empresa. Por causa daquilo de adivinhar. Empresa! No máximo era um técnico de vendas medíocre da Oriflame. No máximo, sim!! Porque no mínimo era técnico de vendas medíocre da Herbalife! Porra. Sinceramente, estes gajos não se enxergam. À noite para aliviar fui jantar com a Rosinha, uma jovem a quem não atendia as chamadas desde o liceu. O suicídio teria sido melhor opção. Rosinha “o pote de geleia” continuava anormalmente cheia. Esta gente é feliz mesmo com braços do tamanho de troncos de palmeira. Não consigo perceber.Tive um sonho esquisito em que era padeiro chefe. A massa de pão chegava num tapete rolante e eu estava com uma pá a achatar aquilo. A peida da Rosinha aparecia ainda maior, tipo tamanho XLLL entre duas regueifas e eu começava a bater violentamente naquilo, a peida da Rosinha, coitada. Eu, que nunca tive tendências agressivas. Tinha sempre B+ em comportamento. Se calhar a explicação está no meu tio emigra que tem uma padaria na França. Não sei.

Sou bom naquilo que faço

Engraçado. Estive a ler o meu primeiro post. Só disse merda.Estou a ver que isto tem que se lhe diga.Mas essa é uma questão que fica para a próxima, agora estou atrasado e os tipos na bomba não toleram atrasos. Antes disso convém ficar aqui escrito que sou um funcionário exemplar. O gerente já me deu os parabéns duas vezes e, uma vez, até deixou a Paula (minha ex) ficar a dever um pacote de donuts. Isto distingue uma boa pessoa de uma má pessoa, não façam confusões! A minha mãe está sempre a dizer que eu devia ter mais ambições e procurar um emprego melhorzinho. Para quê? Com o Tó Jó eu estou à vontade. O Tó Jó é um gajo mesmo altamente. Com ele não há aquelas discriminações de merda. Não há aquela coisa do: "Eu sou gerente, estou acima de ti que és reles funcionário." Com ele não. Até é ele que me desencaminha para ir fumar cigarradas lá atrás, por isso, estão a ver. O Zé (meu colega) acha que ele é bicha. Eu nunca desconfiei de nada, mas também sou um bocado distraído. Também se for, estou-me a cagar. Lembrei-me agora que eles podem vir a ler este texto. Isto é horrível. Ter um blog e não poder dizer tudo o que nos vai na alma? Tenho de pensar numa maneira de poder falar sem levantar suspeitas. Se bem que é ridículo estar aqui a chamar X e Y às pessoas, ainda por cima quando estou farto de saber o nome delas.

Obrigado Filipe

Ora bem, cá estou. Isto foi o meu primo Filipe que me pôs nestas andanças dos blógs ou lá como é que isto se chama. Ainda não percebi muito bem para que é que isto serve, mas dizem que vocês podem intervir nisto, por isso, força aí. Parece que posso dizer tudo o que me apetecer. Asneiras também. É fixe. Quer dizer, acho estúpido vir para aqui contar a nossa vida, mas não tenho nada a ver com o que fazem os outros. Se fosse alguém, sei lá, importante ou assim. Mas, sou empregado numa bomba de gasolina. Turno da noite. Basicamente, o resumo é este. Como já disse, não venho para aqui contar a minha vida. Tenho outros planos, que passam por vender um livro com as minhas histórias. Ouve-se muito aquela frase: "A minha vida dava um filme. " A maior parte das pessoas que diz isto, não sabe de que é que está a falar. Têm meia dúzia de episódios engraçados e acham que têm material suficiente para um grande épico. Ná. Cuidado. Eu, se começasse a contar aqui a minha vida, meu Deus. É que parava tudo. É o suspense máximo, percebem?