A minha ex-namorada Paula (quem não a conhece, sugiro a leitura do post “Pizza Havaiana”) está a viver um romance (a notícia é oficial) com o metaleiro, o rei dos dardos. Encontrei-os no cinema, a dividirem amorosamente um pacote de pipocas e meio litro de Coca-Cola (ou talvez Fanta, a Paula adora Fanta). Achei o quadro comovente e, de certa maneira, fiquei aliviado, porque talvez a Paula me tivesse esquecido por completo (eu só penso na Tina). Ela veio ter comigo, perguntou pela minha mãe e disse que tinha em casa umas rabanadas para lhe levar (umas rabanadas? Oh pá). A Paula e a minha mãe sempre se deram bem. Acho que isso se deveu, em parte, aos finais de tarde que passava lá em casa com a minha mãe a ensinar-lhe croché e coisas do género. Quando acabámos a minha mãe chorou ininterruptamente durante duas semanas. Pediu-me para ficar com o coração de cetim rasca com um I love you já desbotado que a Paulinha me deu quando fizemos um ano de namoro sob o pretexto que: “Oh! Filho ficava tão bem em cima da nossa caminha!” (Pai, como eu te compreendo!) Fez-me também prometer que ficaria solteiro para sempre, caso não voltasse para a Paulinha. É óbvio que fiz o juramento com figas. Tenho suspeitas que terá também rezado bastante porque vi uma fotografia de nós os dois na barragem de vilarinho das furnas encostada à imagem de um santo, que suponho que seja um santo qualquer que tenha habilidade na questão de casais em ruptura. Achei aquilo das rabanadas absolutamente ridículo e disse-lhe para não se preocupar porque nós ainda estávamos a arrotar a aletria e a bolo-rei. Era uma tentativa de aliviar o ambiente. Eles não acharam piada. É aí que o metaleiro me pergunta se eu sei de uma gasolina mais barata que há ali para os lados do Carrefour. Disse-lhe que não sabia. E o tipo, contrariando a imagem decadente do intovertido infeliz e problemático órfão do heavy metal, esboça um sorriso estupidamente alegre e sarcástico: “Então trabalhas numa bomba de gasolina e não sabes o preço da concorrência? Eh, eh. Devias saber, não?” Aquele comentário arruinou por completo a integridade da minha pessoa, fazendo-me sentir um sabor azedo e áspero na garganta (tinha estado a comer amendoins) seguido de uma vontade exacerbada de o rebentar. Optei pela calma, aliás como sempre: “Ai não sabem? Eu deixei a bomba. Eu agora estou a trabalhar com o Jonas, aquele amigo do meu pai.” A Paula pergunta: “O dos vinhos?” Eu: “Sim. O dos vinhos.”
Eu, que nunca minto, tinha agora acabado de dizer uma meia-mentira. A verdade é que o Jonas já tinha falado com o meu pai sobre a possibilidade de eu ir trabalhar com ele. Eu é que sou um tipo preguiçoso e nunca me dei ao trabalho de avaliar concretamente a proposta. Tenho de falar com o Jonas. Talvez o meu futuro passe por aí. E depois, vinho é vinho.
Outra vez, o metaleiro
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19 comentários:
Pois olha, pouco importante o que faças da vida. Também gostei da forma como escreves, simples e despretenciosa.
Meu deus tens que me dizer onde moras! Esse mundo é fabuloso...Esse mundo gasolineiro é bem parecido com Corgão City!Saudações gostei de ler o blog
Por isso que não acredito em destino.
looooooool
Está cá a parecer-me que apesar de vidrado na Tina, que ainda tens um sentimento de posse pela Paula e que ficaste com uma grande dor de corno.Ou então desejas lançar-te nos meandros do alcoolismo e esta é uma boa altura, como qualquer outra, para o fazeres.
Impossível ficar indiferente à tua escrita. Não sei se usas algum truque de simbologia subliminar, a realidade é que resulta. (Mas também acho que não estou a dar nenhuma novidade!).
Ok, normalmente eu não deixo comentários em blogs. Não por me sentir acima disso mas porque, pura e simplesmente, nunca tenho muita paciência.
Mas da próxima vez que vires o "metaleiro", pergunta-lhe qualquer coisa assim:
- Olha lá, sabes onde é que eu consigo encontrar um canalizador decente?
ao que o gajo responderá qualquer coisa como
- Canalizador decente? Porque é que havia de saber disso?
e tu respondes
- Com uma gadelha desse tamanho, calculo que passes a vida a entupir o ralo da banheira! Estás-me a querer dizer que não conheces um canalizador?!
;-)
Call it a guy doing another guy a favour...
Penso que o conselho anterior é mesmo muito bom... em contrapartida, o caro amigo tem sempre a hipótese de (e passo a expressão) partir o focinho ao gajo.
Arranje o mais depressa possível esse novo emprego nos vinhos lá com o amigo novo-rico...
Ainda não analisei bem o caso Tina, mas o caso Paula está arrumado. Você não sente mais nada por ela. Bem... almost done... esse metaleiro tem de levar uma lição.
A man's gotta do what he's gotta do.
Right?
Genial, tens o primeiro blog em que começo a ler e vou até ao fim da página. Excelente escrita. Quem te ensinou a pontuar, tou cheia de inveja....
Tá giro!
Belo blog! Quando tiver tempo, vou colocar um link no meu, pois isto merece ser visto por muitos!
Pelo menos o preço do vinho não sofre tanta flutuação como o preço da gasolina alem de que te podes enfrascar...de vinho, óbviamente!!! P.S. - Já nem sei como vim aqui parar. Foram os ventos...
ganda emprego, trabalhar com vinho!
ai?
E a Tina, onde é que anda a Tina???
antes demais obrigada pela visita ao meu cantinho!
depois, parabéns pelo teu espaço.está muito bem conseguido e em pouco tempo consegui roubar-me uns quantos sorrisos!
A da crise dos intestinos n'A corda vibrante' foi genial.. Assim como este texto.. Conseguiste-me por a rir ás gargalhadas em plena biblioteca geral da universidade de coimbra...
um abraço
eh pa tadinho do metaleiro... ele tam de mandar bocas foleiras pa n se sentir rebaixado coitado...
atao a gaja dele aind vai dar rabanadas a tua mae o gajo tem de arranjer maneira de te rebaixar, n e? pa se sentir assim melhorzito com a sua pessoa!
va antunes na faças e desparates como partir-lhe a cara, pk aind es tu kem leva em cima!
passa bem
abraço aki do Ipslon
muito divertido gisele
ahah adorei!
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