Joaquim

Não morri. Isto, para avisar os mais optimistas. Se tudo correr mal, não devo morrer tão cedo. Pelo menos, não tenho gripes desde o quinto ano, e isso deve querer dizer alguma coisa. Por exemplo, o Joaquim José, que era um tipo intragável, estava sempre com ranho. Normalmente era sempre um ranho fluído e transparente que escorria até aquele espaço entre o nariz e a boca. Depois, o porco, usava a ponta da língua para impedir que o ranho descesse até ao lábio de cima. Durante as aulas de ginástica, não sei porquê, o ranho dele não escorria, formava quase sempre uma bola de ranho dentro da própria narina, mas sem nunca sair de lá. Era um bocado como uma bolinha de salão só que, em vez de ser de sabão, era de ranho. Aquilo tinha vida própria, era como se a bola de ranho tivesse tudo controlado e dominasse violentamente o Joaquim José. Quando o Joaquim José fazia abdominais com muita força a bola aparecia e desaparecia, aparecia e desaparecia. Que louco! Nunca fui capaz de fazer isso com o meu ranho. Também, nunca fui um tipo habilidoso, quer dizer, nunca me especializei em nada, por exemplo, tenho um amigo que é formidável em demolhar bacalhau, mas eu não. Quer dizer, faço coisas, mas coisas que não contam, lavar os dentes, e isso. Quer dizer, minto. Ganhei uma vez um corta-mato organizado pelo meu padrinho, mas isso não quer dizer que saiba, efectivamente, correr. Houve um pic-nic depois do corta-mato e o meu padrinho fez um discurso sobre fruta exótica e desastres rodoviários. Não me lembro particularmente do que ele disse porque estava concentrado nos panados da minha tia, mas no fim, estava tudo espantado, talvez por nunca terem percebido que o meu padrinho era, realmente, um tipo inteligente. Tenho de ver se combino um almoço com o gajo, bebemos um bom tintol e o gajo ensina-me mais qualquer merda. Nunca mais me esqueci, no dia do corta-mato, plantámos uma árvore e a ideia foi dele, do meu padrinho. Por isso, estão a ver.

4 comentários:

Anónimo disse...

boltastes primo!

Anónimo disse...

Eu às vezes gosto de fazer coisas. Às vezes não. Outro dia o meu Pai queria que eu fosse a casa de um amigo dele levar uma grade de cervejas e eu nem queria ir e disse-lhe mesmo assim: não vou. Depois até fui porque o meu Pai me arreou valentemente. O amigo dele, o Luis, é assim meio toninho. Às vezes vem cá a casa mas não fala porque não tem nada para dizer. Fui para casa do Luís aos chutos à grade. Quando lá chego o gajo convida-me para entrar que tava a dar a bola e eu, como não queria ir para casa porque sabia que ia levar outra vez, até entrei. O Luís tem uma daquelas televisões azeiteiras, com mesa própria e tudo. Tivemos lá a ver a bola e a caixa foi-se toda. O gajo nem disse nada. É um porreiro.

Catia disse...

:D
acho que essa bola de ranho ainda deve andar por lá..

Ipslon disse...

ahaha
eh pa nao ha nada melhor que um bom antunes pa me por logo bem disposto. ek tu tens um geitaço pa me por a rir que nem um perdido!
bibinho da silvex ek tens de tar senao a malta entra em depressao!
biba o antunes ke do ka gente precisa!