Sobre a minha consoada. Talvez seja pouco relevante dizer que houve os habituais excessos alimentares e as suas previsíveis consequências. Passo então à fase seguinte. O meu primo puto recebeu um kit de karaoke foleiro, o que fez com que acabassem todos a cantar hits do Bryan Adams. Que bonito. A minha avó a abanar o pézinho e a minha mãe, com um jeito estupidamente desajeitado, a fazer qualquer coisa que se assemelhava a uma dança tribal. As pessoas deviam ser proibidas de dançar quando chegam aos trinta e cinco. Sinceramente. O meu Tio Fino não cantava, o parvo. Tinha aquela atitude superior e chegou mesmo a dizer, com ar de gozo: "Isto do karaoke é uma coisa um bocadinho primária, não é?". Idiota. Talvez tenha sido nesse momento, de puro convívio, que senti toda a complexidade do meu agredado familiar e restantes. Éramos vagamente desprezíveis. Para atenuar, fui ao congelador e tirei um bocado de carne que descongelei no micro-ondas. Estava mesmo a apetecer-me um bife no pão, antes de me deitar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Antunes,

É um prazer ter-te de volta para aconchegar estas noites frias.

Cordialmente,
um leitor