Pizza Havaiana

“Tu és um cobarde.” Estas foram as cruéis palavras da Paula, ontem, minutos antes de fechar furiosa a porta do meu nissan micra. “Não percebo como fui capaz de ter andado contigo três anos nesta fantochada.” Disse ela depois de abrir e voltar a fechar a porta do meu nissan micra. Ora bem, quando acabámos (há três meses atrás) estávamos na Pizza Hut. A Paula tinha um bocado de azeitona presa entre os dentes. Lembro-me bem disso, porque é uma coisa que me horripila – coisas verdes presas nos dentes das pessoas. Neste caso, era uma azeitona preta. Ela vira-se para mim: António, tenho de ser sincera contigo, ando metida com o Artur. Estava a comer uma pizza havaiana, curto o ananás, a cena exótica e tal. Normalmente lido mal com pessoas que tentam minar a minha disposição em momentos de prazer, por isso, encarei aquilo um bocado na desportiva. Eu: Artur? Ela: Não te lembras? Aquele amigo do meu irmão que é pró a jogar setas? Naquele dia lá em casa deu-te um cossório, não te lembras? Alto, agora já me estás a ofender, ó espertinha. Lembrei-me do tipo. Tinha uma t-shirt com uma caveira e trazia uma luvas cortadas nas pontas. Era um tipo mesmo pré-histórico que dava gargalhadas medonhas e de vez em quando dizia: O metal é outra cena, men. O metal é outra cena. Doente. Ela limpa a boca ao guardanapo e a mim apetece-me mesmo humilhá-la: Tens um bocado de azeitona nos dentes. Ela: Azeitona? Eu nem sequer tinha azeitonas na minha pizza! É agora, estás feita: Dentinho podre, poderá ser? Levanta-se e os brincos dela tilitam como o chocalho de uma ovelha: Estás a gozar? Eu, ao estilo de professor de primária: Tens lavado os dentes, menina feia? Ela começa a ficar muito vermelha, a cara a tremer, porque, meus amigos, eu estou a dizer com a maior calma do mundo entre pedaços de atum e ananás em massa alta (regra geral prefiro massa fina, mas na Pizza Hut não). Ela está quase a chorar, prepara-se para dizer qualquer coisa. Eu antecipo-me: Podes ir indo, ainda estou a acabar a minha pizza havaiana. Eu nem sequer estava alcoolizado. Não percebo. Nunca fui tão severo com alguém. De manhã telefonei-lhe e acabámos formalmente a nossa relação. Ela sentiu-se culpada, era a primeira vez que traía alguém. Consigo compreender isso, apesar de normalmente ser um tipo pouco compreensível. Concordámos em ficar amigos. Primeiro, porque sempre nos demos bem e, em último caso, porque aos domingos costumamos ir jogar mini-golf e formamos um par imbatível. Bem, já não tenho tempo para vos contar o porquê da discussão de ontem. Lembrem-me disso amanhã.

7 comentários:

Freddy disse...

Vim até cá agradecer a visita e retribui-la...
Grande abraço da Zona Franca e voltarei...

Anónimo disse...

Já foste ver as estatísticas? Estás a bombar primo.
Não comentas os meus mails?

Abraço

Anónimo disse...

eu também gosto do teu blogue. nao é nada chato ;)

snowgaze disse...

LOL, isso é que é saber quais são as prioridades! :)
Se já não há nada a fazer, ao menos que não se estrague a pizza.

Anónimo disse...

Meu caro, acho que és um grande homem sim senhor. Gosto de te ler porque ées um tipo normal como nós. Mas não achas que devias ter mais cuidado com a Paula, é chato ter toda a vossa vida na net, não?

Abraços

Ipslon disse...

"A Paula tinha um bocado de azeitona presa entre os dentes."
ahahahah!!
Eh pa adoro o estilo de escrita!! Se o resto do blog e assim ja tens mais um ze a ler.

pencapchew disse...

OHOHOHO Uma pizza não se deaproveita meu amigo.