Supermercado das alcatifas

Um supermercado das alcatifas é um sítio espectacular. Ontem passei parte da minha tarde com a minha irmã num supermercado das alcatifas. Posso garantir que não me divertia tanto desde que vi a minha tia tropeçar num pacote de arroz carolino no hipermercado jumbo. Convém dizer que eu odeio tapetes. Aliás, abomino tapetes. Sou invulgarmente alérgico a tapetes. Acho que os tapetes são uma coisa feia, em alguns casos, até mesmo, horripilante. Então aqueles tapetes que têm a grossura de uma estante de madeira com para aí vinte cinco centímetros, daquelas que para além de uma boa porrada de livros podem também carregar com relativa facilidade algumas crianças obesas, esses tapetes assustam-me muito. Juro de pés juntos que tenho medo desses tapetes. No supermercado das alcatifas vi um tapete desses que olhou para mim e viu que eu não gostava dele, nem um bocadinho. Estava em saldo, o miserável. É bem feito, não fosses tão feio. O palerma tinha a cor de um bege assim para o caidito e uma coisa parecida com uns desenhos chalados, como se estivessem em coma ou fossem só apenas indivíduos muito tímidos. Mas não eram indivíduos no verdadeiro sentido do termo, eram mais uns riscos, acho eu. O mais sensato era afastar-me de ali, foi quando fui dar com a minha irmã sentada num desses pufs de cor eléctrica. Sentei-me ao lado, num desses pufs igualmente de cor eléctrica e pensei um pouco no tapete em si mesmo e como o tapete era, em si mesmo, algo de profundamente detestável. Eram tantos à minha frente que comecei a ficar tonto, um bocadinho enjoado, a imaginar que estava debaixo daqueles tapetes todos e alguns eram mesmo tapetões grandes e com pelo comprido. Alguns eram mesmo bichos brancos grandes, tipo ursos polares ou isso. É provável que tenha esbranquiçado um pouquinho porque a minha irmã foi prontamente buscar-me um copo de água. Um bocado de sorte, lá existia um daqueles garrafões de água gigantes ao contrário, como há nas salas de espera dos dentistas. A minha irmã sabe, desde sempre, que sou um tipo extremamente estranho, ainda assim não me faz muitas perguntas, o que faz dela uma pessoa com uma inteligência emocional muito acima da média. Talvez por isso, voltámos aos pufs, como se nada tivesse passado. A minha irmã pergunta o preço do puf porque até à data era o mais confortável que tinha conhecido, a tipa da loja diz que o puf custa cem euros e a minha irmã pergunta se não há desconto, mas a tipa diz que não, que aquele é um produto que se bende benhe tuôdo o áno. É pena.

4 comentários:

Anónimo disse...

super decor é do melhor

Anónimo disse...

supermercado sem saldos são como padres a favor do aborto, impossivel!
ha-que manter a esperança!

Sara disse...

Carambos, Antunes, só ontem é que vi que já tinhas voltado! Já me actualizei.
Espero novidades. :)

Anónimo disse...

Rejubilo com o regresso do Antunes.
Continua a escrever rapaz!...