Olga

É interessante a forma como cada um descobre exercícios distintos para fazer com o seu corpo ou partes dele. Por exemplo,

a dona Olga,

Gosto da dona Olga. A dona Olga costuma comer iogurtes de banana que traz de casa dentro de um saco plástico de propaganda farmacêutica, não vá a minha avó gastar 0.50€ diários na velha que tem uma fixação por sudokus dificuldade muito fácil. Todos os dias, úteis, repito, todos os dias úteis, a dona Olga senta-se na poltrona que era do meu avô e cruza as mãos. Com uma particularidade, a dona Olga quando cruza as mãos separa os polegares um do outro. Para quê? A dona Olga faz todas as tarde, há mais de quinze anos, uma brincadeira gira. Com as mãos cruzadas, começa com um rodopio obsessivo, quero dizer, os polegares começam a desenhar no ar uma espécie de círculos intermináveis. Eu sei que isto é difícil de explicar, temo não conseguir. Aqui vai, temos duas mãos. As mãos aproximam-se e os dedos cruzam-se, assim é que é. Os dedos das mãos cruzam-se, mas os polegares permanecem afastados um do outro. Experimentem, a sério. É divertido. Portanto, dedos das mãos cruzados, polegares ligeiramente afastados um do outro e agora é que começa a rambóia. Vamos. Cada polegar começa a desenhar um pequeno circulo um à volta um do outro, mas atenção! Os polegares não se podem tocar. Isso, devagarinho, estão a conseguir? Concentração. Destreza. Que eu nunca vi a dona Olga perder.

2 comentários:

coentros disse...

uia...

Anónimo disse...

belo blog com sabor do quotidiano. gostei da capacidade de transmitir a observação. E obrigado pela visita